domingo, 7 de agosto de 2011

Outra roupa

Pensarei nas palavras mais belas que há
- surgem na noite e morrem no lamento
Sendo ideias, podem ficar no pensamento
Não sufocando à porta de uma boca má

Guardarei todos os mais excelentes odores
Temperados com o cuidado das pretendidas
Para que nasçam rosas um tanto consentidas
De serem exceções num campo de horrores

Ergue-se um canto delicado e dolorido
Quando um sonho se debruça no mar
Roubando a paisagem dos habitantes

Eles nunca tinham visto nada antes
Que perfurasse a inércia de seu lugar
Pondo sobre velhas ancas outro tecido

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Palavras e letras são menos que um "olho afiado"

Deparar-se com a frase “Uma imagem vale mais do que mil palavras” nos faz pensar mais na finalidade da imagem do que no meio de chegarmos a ela. Caberia então, perguntar: “Como fazer com que uma imagem valha mais do que mil palavras?” Para o fotógrafo Alexandre de Souza, do jornal Folha da Região, de Araçatuba, a resposta dessa pergunta é a principal meta para quem quer ser um grande profissional na área da fotografia.

Alexandre não começou no ramo já como fotógrafo. Em busca de um salário, foi recomendado pelo pai a ir ao jornal “A Comarca”, para trabalhar como entregador. Um ano depois, deixou a função para revelar e rebobinar filmes. “Em pouco mais de um ano, passei de entregador à laboratorista”, conta o fotógrafo, ressaltando a realidade dosperiódicosl, quando estes ainda tinham “letras de chumbo”.

Não demorou muito para que Alexandre passasse a atuar com a máquina fotográfica. Após o fotógrafo do jornal ser convidado para trabalhar em Marília, o novato assumiu a função e começou a manusear o que viria a ser seu maior instrumento de trabalho. “Aprendi errando. Como passei a me interessar cada vez mais pelo assunto e comecei a ler e aprender a respeito.”

Já são 20 anos de profissão. E com tanto tempo de estrada, não se adquire somente técnica. Os acontecimentos do cotidiano, por mais chocantes que sejam, passam a ser vistos com certa naturalidade. Isso fica bem claro quando Alexandre conta da sua primeira e a que ele julga ser a mais impressionante foto que tirou. Em um acidente próximo à Bilac, um veículo caiu da ribanceira e o motorista ficou de bruços. Quando os policias foram retirar o crucifixo da vítima, este enroscou na cabeça e abriu o tampo da cbeça. A massa cerebral ficou exposta. O então aprendiz em fotojornalismo ficou três dias sem comer. Porém, hoje ele não se impressionaria tanto. “Quando chego a um acidente com morte, por mais que seja triste, já estou acostumado a encarar simplesmente como um corpo que perdeu a vida devido a uma fatalidade.”, relata Alexandre.

Mas as fotos não se limitam à tragédias. Acostumado a trabalhar com diversas editorias, Alexandre faz fotos lúdicas, inusitadas, poéticas. Existem também as mais curiosas, envolvendo personalidades políticas: Paulo Maluf comendo pastel, José Serra trombando em porta, Geraldo Alckmin tomando café. “A idéia é buscar um ângulo que ninguém tenha imaginado”.

Alexandre recorda uma de suas imagens que foi para a capa da “Folha da Região”: a de um cachorro pitbull que matou uma senhora. Na imagem, aparece o cão já sacrificado e com o sangue da vítima no focinho. Ele também conta que as fotos tiradas de José Rainha, líder do MST, são freqüentemente requisitadas a ele para o Jornal “O Estado se São Paulo.”

Levar bronca e ser advertido por policias, ser impedido de fotografar e receber ameaças de morte são coisas freqüentes na profissão. Por isso, tanto quanto paixão pelo que se faz, é necessário vontade de se atualizar. Alexandre assina revistas, acessa sites e tudo que possa mantê-lo informado das várias maneiras de aperfeiçoar fotografias. É a incessante busca para falar melhor do que as palavras. Afinal, como ele define: “Uma grande foto é aquela que traz mais informações do um texto com mais de 50 linhas escrita por um editor”.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Tentando "reentender" a verdadeira liberdade

A liberdade é, sem dúvida alguma, um dos maiores privilégios que o ser humano pode ter. Seu modo de agir, de julgar, de pensar, ganham dimensões ainda maiores quando possuem o respaldo dessa prática. No caso da imprensa e de todos os meio difusores de informações, a alvedrio de expressão, manifestado através da famosa liberdade de imprensa, foi uma grande conquista e sua ausência gerou inúmero prejuízos em alguns períodos históricos.

Em meio a elogios sem precedentes à liberdade, é importante fazer uma ressalva: ela é essencial para a vida do homem, porém, não deve ser entendida como um fator que encerra em si mesmo. O conceito de “homem livre” remete a alguém que possui um poder de escolha e ação amplos, porém, ainda assim, estes poderes devem estar subordinados a alguns fatores que permita ao outro ser humano uma condição existencial inabalável por certos artifícios.

No dia 20 de setembro, um blog intitulado “Resenha em 6”, que se propõe a resenhar em seis linhas ou menos sobre todo tipo de produtos e serviços, publicou um texto que fazia duras críticas ao Boteco São Bento, bar localizado no bairro Vila Madalena, em São Paulo. Alguns dias após a publicação do post, Jonas Steinmayer postou um comentário alegando que algumas providências estariam sendo tomadas com relação ao blog. Após uma notificação extrajudicial dos advogados do bar, a publicação foi removida da página.

A proposta do blog “Resenha em, 6” não é muito diferente da tendência que se vê na era da modernidade (era das mentiras mais convincentes). Corresponde à idéia de manifestar uma opinião usando o menor espaço possível. A tecnologia segue essa tendência e as pessoas que partilham dessa diretriz devem ter consciência dos males que ela traz. Uma pessoa que tenha boa noção da prática argumentativa sabe que um texto tem muito mais chances de ser dotado de seriedade e embasamento quando se preocupa em explicar diversos pontos da questão, todas as suas ponderações e os ângulos de compreensão. Isso exige um texto longo. Qualquer proposta diferente disso corre o risco de ser impreciso ou irresponsável.

E esse é ponto. A liberdade e todas as suas variações (no caso em questão, a liberdade de expressão) devem vir acompanhadas da responsabilidade, para que a livre atitude não acabe se tornando um mero artifício com propósito de denegrir alguém ou, em alguns casos, conseguir uma autopromoção, prática muito comum nos dias de hoje. Não é difícil vermos pessoas que usam o conceito de livre-arbítrio para esconder uma liberdade artificial (como o nome sugere, repleta de artifícios) e que no fim das contas tem uma pretensão que vai muito além de simplesmente expressar uma opinião.

Isso não quer dizer que as pessoas não tenham o direito de dizer o que bem entendem. Até porque, qualquer pessoa que esteja profunda e unicamente preocupada em manifestar sua sincera opinião sobre algo, o faz primordialmente, carregando todo o peso que a responsabilidade exige e que é de fácil assimilação por qualquer indivíduo que respeite o valor de uma opinião. Reduzir uma argumentação a termos de baixo calão e com características apelativas que buscam a adesão de muitos, mostra que, sem dúvida, o autor do comentário queria bem mais do que expressar seu julgamento.

Para o âmbito judicial e obediência ao que está previsto em lei, a melhor atitude pode até ter sido a retirada do post. Porém, pra quem enxerga o problema com uma preocupação maior, pouca diferença faz se o conteúdo continua ou não. Seria ingenuidade acreditar que uma vez retirada a publicação, as pessoas aprenderiam a lição. Todo o meio tecnológico e os valores que o acompanham seguem a tendência de ser breve, ter o “dom” de explicar algo em pouco espaço, considerando quase que uma arte aquilo que, na maioria das vezes, carrega uma série de imprecisões e precipitações.

A circulação cada vez maior de informações e a possibilidade de qualquer pessoa expor uma opinião pessoal em níveis de discussão nacionais ou mundiais, acabou levando à banalização da liberdade. Com isso, esta deixou de ser um direito e se tornou um pretexto para outros fins, que, alimentados por certos preconceitos e imaturidades, acabam gerando atitudes que muitas vezes estão implícitas na consciência do indivíduo e fogem ao seu controle.

Vale lembrar que para o modelo de liberdade ideal se realizar plenamente, é necessário que todas as partes estejam conscientes do que ele significa. A publicação foi retirada somente pelas ofensas que contém ou pretende esconder uma realidade? Por mais que a manifestação da opinião possa não ter sido em seu todo verdadeira, ela contém certo senso de verdade que não pode ser desprezado. Se o autor do post tivesse tido a preocupação de exprimir suas impressões de maneira adequada e séria, teria mais chances de receber uma atitude mais sensata da parte do proprietário do estabelecimento e, quem sabe, a questão poderia receber uma solução.

Logo se vê que o argumento da liberdade de expressão, da forma como tem sido tratado por alguns propagadores de informações, tem servido pra uma guerra entre alguns setores, fazendo com que o receptor do conteúdo é quem fique sem liberdade para entender uma situação e os pormenores que ela esconde. Isso inevitavelmente impede que muitas questões sejam resolvidas e a ação humana perde muito de sua força. Não podemos deixar que a livre e intensa circulação de informações de nossa época se esqueça dos fatores intrínsecos da liberdade.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Blog faz jovem ganhar dinheiro se divertindo

Uma maneira simples e fácil de ganhar dinheiro fazendo pouco esforço. Parece um anúncio publicitário, mas não é exatamente isso. Embora a publicidade seja a mola propulsora do tipo de sucesso em questão, a idéia inicial remete justamente a um já antigo espaço conhecido de todos aqueles que estão ligados à vida na internet: os blogs.

O jovem Igor de Souza, Pucci, 25 anos, é formado em Ciências da Computação, mas viu no marketing a estratégia para ganhar dinheiro e fazer sucesso com os avanços da tecnologia. E a idéia inicial foi simples: recolher fotos inusitadas que circulavam pelo Orkut e simplesmente publicá-los, sem estarem atreladas a texto algum. Após publicar as primeiras 50 fotos e divulgar o novo espaço no conhecido “boca a boca”, Igor chegou a receber 8 mil acessos. Nascia então o portal “Pérolas do Orkut”.

Tanta despreocupação em criar algo que obrigatoriamente caísse no gosto do público acabou resultando em um site que atualmente é referência em fotos inusitadas e que foi capaz de render até R$ 8 mil ao seu criador. “Antes de dezembro do ano passado ganhava R$ 8 mil reais por mês. Após a crise, tive uma queda de mais de 50% na minha renda.” Todo o dinheiro arrecadado provém dos anúncios publicitários, aos quais o blogueiro teve acesso após entrar em um sistema de afiliados no ramo de endereços eletrônicos.

Apesar de a renda não ser mais a mesma, o site administrado por Pucci recebe de 40 a 50 comentários por foto. Ele firma que a maioria dos visitantes é brasileira, da região Sudeste, na maioria, jovens. Porém, existem visitantes de diversos países do mundo, como Japão e EUA. As atualizações acontecem todos os dias, mas, apesar disso, Igor afirma trabalhar somente duas horas por dia. Para comandar o portal, o atualizador dispõe de um aparato em sua própria casa, sendo que, com o crescimento do site, um novo servidor precisou ser comprado.

Mudança no conteúdo

Com o passar do tempo, o conteúdo da página também mudou. A intenção inicial que era de somente divulgar fotos inusitadas do Orkut, acabou se tornando um espaço para fotos divertidas, provenientes de qualquer lugar.

O próprio administrador confessa que se acomodou após certo tempo e hoje procura menos fotos do que antes. “Quando a página foi criada eu procurava as fotos. Hoje em dia as pessoas me mandam, sendo que, às vezes, são fotos delas mesmas que elas querem que sejam colocadas”. As fontes que Pucci usa para encontrar as fotos são o Google e comunidades do Orkut especializadas nesse tipo de conteúdo.

Relação com o público

Igor já teve alguns problemas com o blog. Como se trata de um espaço dedicado a expor situações engraçadas, ocorreram casos de pessoas que se sentiram ofendidas com determinadas fotos. Mesmo as fotos passando por um processo de edição, no qual rostos ou qualquer outro tipo de identificação são rasurados, ainda assim é comum que pessoas façam ameaças de processá-lo. Porém, ele não vê problema em retirar alguma foto possivelmente ofensiva. “Se alguém reclama que se sentiu ofendido ou que não gostou da publicação de alguma foto, basta falar comigo que eu retiro”.

E a página se limitou ao público anônimo e chegou também ao conhecimento das celebridades. Segundo Pucci, a ex-garota de programa de luxo, Bruna Surfistinha chegou a comentar uma foto publicada relacionada ao seu livro. O apresentador Marcos Mion também já fez elogios à pagina.

Futuro com blogs

Igor Pucci já atuou como programador de web, fez pós em Economia e agora faz em Marketing. O jovem diz gostar desse ramo e pretende aumentar ainda mais o “Pérolas do Orkut”, utilizando inclusive conceitos da área.

Atualmente Igor não realiza nenhuma outra atividade a não ser atualizar blogs. Ele ainda administra um que contém tipos de imagens utilizadas para recados no Orkut (http://www.webrecados.com/) e outro contendo frases e pensamentos famosos (http://www.webfrases.com/). O principal conteúdo atualizado por Pucci pode ser encontrado no http://www.perolasdoorkut.com.br/.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Control Vc x Control Pc

Quando criamos algo, mesmo se tendo o domínio pleno e conhecendo profundamente toda a estrutura que dá sentido e funcionamento ao que foi criado, ainda sim existe uma maneira de se perder o controle sobre ele. Dependendo da forma como nos portamos perante nosso produto, podemos expor nosso lado mais frágil a ele e isso quase sempre acarretará momentos catastróficos.

O filme “Controle Absoluto”, do diretor por D. J. Caruso, exemplifica isso. No caso, o criador é o homem e a criatura é o computador. A fragilidade é o erro humano. Tanto o erro instantâneo, que é aquele cometido em uma decisão desacertada, quanto o erro de caráter existencial, que consiste em acreditar que uma máquina criada sob comandos baseados em estimativas pragmáticas, poderá agir com o raciocínio flexível e ao mesmo tempo ético do ser humano.

Não é de se admirar que a cada dia que passa, o homem tenha procurado cada vez mais automatizar o seu conhecimento. Indo além da importância de conservá-lo e transmiti-lo aos seus descendentes, o homem procura fazê-lo trabalhar em seu favor, como se todas as descobertas e modos de ação humanos ganhassem vida própria e passassem a andar lado a lado com o indivíduo.

No filme em questão, vemos o sistema de inteligência dos EUA assumindo o controle do país. Tudo porque o presidente toma a decisão final de bombardear pessoas em um enterro no Afeganistão, quando se queria dar fim à vida de um terrorista. Nenhum dos suspeitos que foram mortos era o terrorista procurado, e em resposta ao ataque, os EUA passaram a sofrer vários atentados terroristas.

O controle de inteligência do país, programado para realizar uma operação de segurança capaz de manter a ordem, bem como de verificar a competência das decisões governamentais, passou a executar um plano que pretendia matar o presidente americano, assim como os homens ligados a ele, uso inclusive como alegação, a idéia consta na constituição americana; a de que não se pode manter no poder alguém que estivesse colocando em risco a vida do país.

O problema é que para colocar seu plano em prática, o sistema de computadores pôs fim à vida das pessoas que tentaram inocentes que tentaram impedí-la. Por mais que saibamos que existem diversos seres humanos que passam por cima de muitas vidas em busca de seus interesses pessoais, nos espanta ver que o homem possa ter produzido uma criatura treinada para a destruição da própria espécie humana. Uma criatura que, baseada no erro do próprio ser humano, inicia uma série de ações, as quais, apesar de possuírem certa lógica (tentar estabelecer a paz da nação e punir os culpados), correspondem a métodos desprovidos de qualquer senso de compreensão da vida.

Qual é a ética da máquina? Ou melhor, como a convivência humana pode ser abalada quando se descobre o poder de ação da máquina? Quando se fala em uma “inteligência artificial” fala-se, antes de tudo, em uma inteligência criada a partir de certos artifícios. E quais artifícios seriam estes? Se muitas vezes criados com boas intenções, quais as conseqüências que podem haver quando as ações de uma máquina são aplicadas fora de contexto? Somente o ser humano tem o poder da ação contextualizada e o dom da sensibilidade E é ai que a palavra “humano” revela-se na sua forma mais pura e incontestável, e a consciência passa a exercer um papel preponderante.

Todo e qualquer juízo com relação à atitude de algo ou alguém deve passar pelo crivo da auto-análise. O que se quer para a vida e o que se esta conseguindo. Se quisermos soluções rápidas para os problemas e que elas se realizem da maneira mais prática possível, pois bem. Criemos então um computador para matar sem consciência e sem distinção. Podemos simplesmente explodir todos os morros, sem distinguir seus habitantes, e declarar o fim do narcotráfico.

Porém, basta que alguém reflita por alguns momentos e perceberá que “o buraco é mais embaixo”. O ser humano é ainda mais complexo do que qualquer máquina e, mais cedo ou mais tarde, essa complexidade vai cobrar seu preço. O que o homem não pode perder de vista é que a máquina e todo o desdobramento que vem tendo suas tecnologias são criações suas, que existem para facilitar sua vida e serem usados de acordo com o consentimento humano.

Enfim, por mais que o homem informatize o mundo e faça uso das tecnologias para se comunicar, fiscalizar, trabalhar, divertir-se, criar e transformar as coisas, não pode se esquecer de que nada substitui sua consciência, bem como o seu poder de julgar e agir, mesmo que às vezes cometa erros. O filme mostra que, apesar dos pesares, ainda é melhor que o controle absoluto seja nosso.

O maior cuidado é para que não sigamos por um caminho sem volta e com um final aterrorizante, afinal, se a máquina tem automatizado cada vez mais o ser humano, este ainda não aprendeu a humanizar a máquina.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

As celebridades que brotam da Web 2.0

Falar em Web 2.0 é falar principalmente em interatividade. Relacionar-se estreitamente com todo o tipo de pessoas, mesmo elas podendo estar a quilômetros de distância, parece ser uma prática comum a muitos. O Youtube é um dos exemplos dessa web, e, assim como alguns canais se dedicam basicamente a informar com a tentativa de ao mesmo tempo democratizar a informação, esse famoso espaço da internet para veiculação de vídeos tem servido, além de outras coisas, para revelar celebridades.

Nem todos chegam a ser rostos conhecidos mundial ou nacionalmente, mas, com certeza, a fama aparece ao menos entre os amigos. É o caso de Lúcia Pastorello, 21 anos, estudante de direitos, mas que exerce o papel de cantora, violonista, dançarina e atriz nas horas vagas. E as horas vagas de Lúcia, segundo ela própria, não são poucas. A jovem faz proveito do seu tempo livre para postar seus vídeos no YouTube.

Dos seus dois vídeos mais visitados, em um ela imita o personagem Pikachu, do desenho Pokemon, e no outro ela aprece tocando, no teclado, uma música “Riders of Rohan” que integra a trilha do filme “Senhor dos anéis”. No primeiro pode-se ver a jovem pintada, procurando assemelhar-se ao personagem. O vídeo é o mais acessado de sua lista. Mais de 213 mil visitas. E mesmo assim não é o predileto da autora.

Pastorello não segue um tipo específico e nem procura obedecer a uma única linha em suas produções. Somente uma palavra parece definir seus trabalhos: excentricidade. Quando perguntado a ela de onde vem a inspiração, ressalta sua espontaneidade: “Não fico procurando pensar exatamente no que vou fazer. A idéia surge e eu simplesmente vou lá e faço.”, define a jovem com uma resposta simples e um aspecto tímido.

E não pense que a garota está despreparada para tantas exibições. Por trás de seus vídeos em que aparece tocando violão ou dançando, está um embasamento em curso. Foram três meses estudando violão e um ano fazendo dança, o que mostra que a estudante não caiu de para-quedas nas apresentações de cunho artístico.

A timidez de Lúcia parece desaparecer junto com a multidão e em frente a uma câmera. Ela conta que, como em um passe de mágica, liberta seus instintos e faz aquilo que “dá na telha”. Pelo menos em casa, Pastorello parece mais extrovertida e diz permitir que pelo menos a mãe ou a irmã filmem seus vídeos, quando ela não pode fazê-los sozinha.

A jovem conta que não pretende ser atriz e usa sua timidez como justificativa. Ela quer seguir carreira na área do Direito, porém, não quer ser advogada. Sua meta é o concurso público. E a futura advogada não acha que isso possa prejudicar sua imagem na profissão. “Não há nada de errado em meus vídeos. Não faço apologia ao racismo, não desrespeito ninguém. Só me manifesto com as coisas que eu gosto”.

E as manifestações são diversas: dança celta, banho de piscina com o cachorro em dia de frio, imitação de papagaio, músicas ao violão. E se as idéias surgem espontaneamente, quando inicia a feitura de um vídeo, Lúcia se dedica bastante. Ela conta que já chegou a gravar três versões diferentes do mesmo vídeo para escolher a melhor. Ao todo, já foram 151 postagens.

Em meio a tantas opções é difícil escolher a que ela mais gosta. Pastorello confessa que prefere o da trilha do Senhor dos Anéis, e relata um diferencial nessa produção. “Não sei tocar teclado. Vi um amigo meu tocando aquela música e, como eu gosto, fiz questão de decorar para tocar também”

E a fama? Ela não se prende somente às rodinhas de amigos e atinge o exterior. Dos 492 assinantes de sua conta no Youtube, a maioria pertence aos EUA. E ela conta que aliar o sucesso ao relacionamento amoroso tem seus pontos positivos e negativos. “Os caras gostam de meninas que tocam violão, mas também pensam que sou louca. No fim das contas acho que os vídeos mais atrapalham do que ajudam.”

Aqueles que quiserem conhecer o trabalho de Lúcia Pastorello podem visitar seu canal no Youtube, no endereço http://www.youtube.com/lucirello. Enquanto a jovem tiver tempo de sobra e segundos de extrema inspiração, podemos aprender aquilo que ela diz ser a mensagem que mais pretende passar: “Tenha momentos de loucura e extravase!”

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um espaço para o jornalista personalizar ainda mais sua opinião

Nos tempos atuais, a circulação de idéias atingiu um estágio no qual se encontram vários canais de divulgação, e o dinamismo com que as informações são transmitidas faz com que seja necessário uma mídia eficiente e que se adapte ao pouco tempo disponível na vida das pessoas.

Os blogs são exemplos desses canais de divulgação, e a mídia onde podemos encontrá-los é a internet. Com o crescente processo de inclusão digital e a vida cada vez mais voltada para o “on-line”, aqueles que têm algo pra dizer podem fazê-lo pelos seus sites pessoais.

É importante frisar que os blogs não se encontram mais na fase de amadorismo em que se via no início de seu surgimento. No princípio, eram vistos somente como um espaço para o indivíduo relatar os fatos que vivia, contar suas experiências em uma espécie de diário virtual, sem necessariamente dar um embasamento crítico a isso.

Com o passar do tempo, a visão a respeito dos então “diários virtuais” foi se ampliando e o elemento “crítica” passou a preponderar nos blogs que vieram a ter uma trajetória promissora. É importante destacar o papel dos blogueiros antigos, que desde o começo viram uma alternativa para suas páginas na internet e ajudaram a construir uma mentalidade que hoje é compartilhada por quase todos aqueles que desejam ter um blog e leva-lo a sério.

Nesse ponto é que podemos destacar a importância que o blog passou a ter para o jornalista. Principalmente aqueles que têm o intuito de emitir opiniões através de um viés que não pode ser trabalhado nos veículos em que atuam, as páginas pessoais tornaram-se uma ferramenta importantíssima. Pode-se afirmar que os blogs ajudaram a personalizar a opinião do jornalista.

Falar em blogs hoje, é falar também em um canal que estreitou a relação entre emissor e receptor. Além dos benefícios da vida digital, como, praticidade, multimídia, rapidez, eles tem o diferencial de possibilitar uma interatividade ainda maior entre aquele que posta e o que lê, uma vez que o internauta sabe que tal página é somente atualizada pela pessoa que ele procura.

Os blogs também possibilitam um outro direcionamento de discussão em meio a uma mídia massificada. Por mais que as idéias circulantes obedeçam a uma padronização em sua formação (mas isso não é culpa exclusiva dos sites), os blogs ainda são uma esperança para aqueles que buscam um jornalismo especializado e que traga uma opinião independente, direcionada de uma maneira que não repita o enfoque que os meios de comunicação dão para um fato.

Um jornalista que mantêm um blog sobre futebol não precisa necessariamente falar de como foi a rodada do último fim de semana, assim como um economista não precisa usar sua página pessoal para divulgar a cotação diária. Nesse ponto, podemos concluir que os blogs têm o poder de aliar o aprofundamento existente em uma revista, com a atualização em tempo real, tão característica da vida digital.

Assim como tudo que se torna de fácil acesso, existem cuidados a serem tomados. A extrema praticidade com a qual nos deparamos na hora de abrir um blog, deve ser ponderada com uma preocupação em saber o que postar nele. Ao mesmo tempo em que existem pessoas que possuem zelo pelo que fazem e vêem em seus blogs uma maneira de expor idéias, existem aquelas que enxergam suas páginas pessoais como um espaço para assuntos banais, o que no fim das contas acaba poluindo o círculo de informações e desconstruindo o ato de informar.

Por mais que muitos pensadores modernos vejam nessa exposição de futilidades uma maneira de a pessoa se encontrar e ao mesmo tempo atender aos interesses de outros indivíduos, creio que tratar os blogs dessa maneira seria retroceder o processo de encará-los como veículos de comunicação. Para se formalizar algo e encará-lo seriamente, é preciso antes de tudo constituir uma mentalidade que dê unidade e identificação àquilo que se pretenda fazer.

No mundo moderno e fragmentado, no qual a diversidade de interesses e gostos parece aumentar a cada dia, fazer uso de ferramentas que transmitam pensamentos também diferentes, parece ser uma atitude interessante, ainda mais quando estas estão dispostas em uma mídia que a cada dia é levada a mais pessoas.

O jornalista, assim como todo produtor e transmissor de idéias, pode fazer uso dessas ferramentas e criar um vínculo ainda maior com o seu público. Se houver uma preocupação séria na formação dos blogs, podemos falar em uma democratização da informação, uma vez que alternativas estão sendo criadas quando a cobertura midiática bate na mesma tecla.